
Essa causa maligna que nasceu e cresceu acoitando-se na liberdade e na democracia doada pelos militares, hoje hostilizados, foi crescendo e subliminarmente parasitou no mais alto escalão do poder para a partir daí instituir e promulgar a Bandalheira Nacional.
O seu poder ecuménico e estrutural tornou-se na razão e justificação para a recalcitrante rotina: desrespeito, maledicência, moleza, injustiça e crime.
Para vislumbrarmos o seu nascimento – que repito é anterior ao meu – temos de realizar uma viagem regressiva ao passado, temos de andar para trás, recuar no tempo até uma célebre madrugada, onde as Chaimites e as G-3 vieram para as ruas, convidando o povo a participar numa revolução que o seu íntimo desejava. E este não se fez rogado, saiu à rua em massa, juntando-se aos militares revoltosos para conjuntamente fabricarem uma revolução. Enquanto ambos ousavam quebrar velha ditadura, eis que uma prole de oportunistas começa a vasculhar na sombra. Nas trevas da noite, na calada do silêncio e nas costas do Povo, os especialistas da arruaça e do facilitismo colonizam a agenda política e impõem-lhe, sem acareação, uma vontade subliminar.
Este entomófago rafeiro e oportunista, apanhando os revoltosos distraídos e ou com a colaboração de alguns militares demasiado aventureiros, apoderou-se da conjuntura, despojou-lhe a serenidade e a racionalidade e, no seu lugar, por razões de táctica íntima e de estratégia descolonizante, colocou o Preconceito. O preconceito foi instaurado não apenas para o oportunista enterrar o anátema do autoritarismo, mas especialmente para encobrir o procedimento que se queria ver encoberto. E foi este habilidoso e belicoso rafeiro quem, apanhando o novo Príncipe distraído, ou comprometido - assunto que a História um dia irá desvendar -, permitiu o derrube do muro da autoridade sem que no seu lugar fosse pelo menos colocado um arame farpado.
O baixar da guarda, de forma voluntária ou inconsciente, deixou escapar na enxurrada da libertinagem, algo que deveria ter sido mantido intacto e inviolável: a autoridade, pública e privada.
Sob os auspícios dum “agente” infiltrado a conjuntura sofreu uma contaminação irreversível e a verdade que se desejava, a democracia que se aspirava foi, definitivamente, expulsa para que a conjuntura pudesse servir e creditar interesses estranhos e inconfessáveis.
A ânsia de conquistar o poder deslumbrou o Novo Príncipe que se tornou incapaz de discernir e de impedir a acção incestuosa dessa maldita causa, confidencial, que se acabara de parasitar no pedúnculo do Poder (Estado).
Não raras vezes tenho pensado no que o Meu Pai me diz e quase sempre chego ao mesmo resultado: a cupidez “oportunista” estragou aquilo que prometia ser um regime democraticamente risonho.
O génio do mal fragilizou voluntária e conscientemente a conjuntura para premiar a malvadez e a delinquência. Atordoado pela incoerência conjuntural, o novo príncipe foi incapaz de discernir e de suster o ímpeto dessa atroz causa. O novo Governante (que se dizia democrático) autorizou – julgo que de forma inconsciente - a promulgação de procedimentos indemocráticos, sem precedentes, cujo rescaldo faz envergonhar a memória de tempos que se querem esquecidos e definitivamente enterrados. Dos escombros do regime derrubado, e como consequência da ruptura imprevista, emergiu, em vez da acalmia e da serenidade democrática, a fúria instintiva protagonizada por essa maldita causa, a quem o Poder Público não só não se opôs como ainda se “solidarizou” para premiar a sua ingénita vontade. Esta falta de oposição moral acabou por fragilizar irreversivelmente a capacidade do Novo príncipe que deste modo se quedou impotente para impedir que o génio do mal “promulgasse” decisões que em alguns casos ofenderam o pingo de remanescência da dignidade e do brio nacional e que, a cada dia que passou, transformou a conjuntura numa tímida, envergonhada, empobrecida e virtual democracia.
Com efeito a infância e os primeiros e fundamentais passos daquilo que hoje se chama de democracia (meramente normativa) enferma de equívocos estruturantes e pior do que isso mantém no seu seio um tumor que com a sua actividade maligna a pouco e pouco vem apodrecendo o seu corpo, contaminando, um após outro, todos os órgãos. E se a uma criança se ensina, gastando calma e persistência, o que deve ser ensinado, também a nossa democracia devia ter tido a pré-escola, a primária, o secundário e assim sucessivamente, até atingir a maioridade e constituir-se na Pessoa de Bem, mas infelizmente e em vez disso, cresceu na esterqueira, em vez da aula e da pedagogia, ouviu a gritaria, a coacção ilegítima e o histerismo, aprendeu a ler e a andar numa picada minada de sangue, horror, medo, preconceito e mentira, e, com esta formação atingiu a idade adulta, tornando-se num inevitável Delinquente.
É nesta e por esta condição que se refugia na marginalidade, seu berço e território natural.
Ao príncipe catalepsico não restou outra opção senão ceder aos instintos frívolos dessa moção ilegítima que se parasitou nos subúrbios do Poder para o subverter e deste modo viabilizar a descarga do bom senso e restantes valores. Pelo autoclismo da libertinagem escaparam, sem regresso, elementos imprescindíveis ao condomínio da Democracia e da Liberdade: tais como a coacção legítima, o poder público, o respeito público e privado, a importância da norma, a pedagogia da autoridade e a sinceridade da obediência. Todos fugiram, ou em rigor foram expulsos, sem pingo de remorso nem contraste de reserva. Tal facto forçou o novo a príncipe a, sem dar por isso, co-irresponsavelmente responsabilizar-se pela cultura do permissivo, pela tolerância do arruaceirismo, pelo patrocínio da libertinagem. Estes sucedâneos ocuparam, sem hesitações, o lugar dos verdadeiros e genuínos valores duma democracia que se queria e desejava verdadeira e genuína.
Com este currículo a prometida democracia não passou de miragem. Nada e crescida com estes frágeis caboucos, a sua puberdade não podia ser outra, daí a constatação do Presente: Em Portugal já não existe qualquer força, coacção, meio, instrumento ou poder capaz de cortar o mal pela raiz, capaz de expurgar o demónio, capaz de extirpar a doença. E, como a recalcitrância cresce ao dobro da velocidade do civismo e da civilidade, então o descaramento, a indulgência e a ilicitude que, passaram a coagir o procedimento, transformaram-se em rotinas.
Assim, ao estado que se diz ser democrático, o melhor que lhe posso chamar é que se constitui no inverso do que se esperava ser, e o contrário do meu ideal.
8 comentários:
Compreendo-te, meu amigo, porque também eu estou desiludida com o que vejo. É como um concurso a ver quem mente melhor. O que é facto é que estamos a regredir de forma assustadora e não se vislumbram alternativas.
Gostei muito do teu post.
Um abraço
...andei a dar uma volta no Futebolar...rsrsrsrs, só que não percebo nada de futebol(aliás,não percebo nada de nada.....rsrsrs), e por isso só li...li..li...
Um abraço
Obrigado SC. Isto é apenas uma amostra dum livro que ando a coligir e que um dia publicarei, se Deus quiser, com o nome de Perjúrio Revolucionário.
Que bom! quero ser uma das primeiras pessoas a lê-lo, quando o publicar.Fico a aguardar esse dia, que julgo não demorará muito.
Sou uma leitora assidua do seu blog, acho que tenho conentado práticamente todos os posts...logo quero ser também do livro..rsrsrs
Um abraço
...rsrs, já agora se não fôr pedir muito,pode linkar-me no seu blog?...rsrsrs, bem se achar que vale a pena o meu espaço estar linkado no seu...isto é preciso um bocado de lata pedir,regra geral,somos nós que fazemos isso ...peço desculpa
Obrigada, um abraço
...rsrsrs...é cá dos meus! também aos poucos é que vou descobrindo as coisas.Vou fazer o seguinte: usando o que já sei( e com palavras minhas,pois não sei nada de linguagem informática), vou enviar-lhe um mail a explicar + ou - o que tem a fazer para linkar os outros blogs...
não é dificil, mas tem que ser bem feito,para conseguir que fique certo.
Mais pela noitinha(é quando tenho mais tempo) vou fazer isso.
Espero que consiga,pois é mais giro linkar os blogs que gosta e assim,há mais comunicabilidade.
Um abraço
Já enviei e-mail com explicação, espero que entenda a minha linguagem informática...rsrsrs
Passando para desejar bfs.
Abraço
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