quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

PORQUE NÃO ACREDITO NA JUSTIÇA

Fui involuntariamente envolvido num desgastante e desigual processo de litigância castrense devido à subtracção do Estatuto do Tratabalhador Estudante, que entretanto usufruía, e que em 2004 me foi ilegalmente retirado pelo Comandante da Unidade (Escola Prática de Transmissões) que o fez abusivamente e contando (o que é mais grave ainda) com o beneplácito da chefia do exército. A instituição militar definha embriagada numa mentalidade obsoleta, deu prova cabal que não se modernizou e que não está habituada, nem preparada, para o facto – puramente legal e normal - dum subordinado contraditar as decisões hierarquicamente fixadas.
A reacção, mórbida e profundamente cobarde, inadmissível nos tempos que correm, foi retaliar em toda a linha, aspergindo sobre mim uma barragem de procedimentos alguns dos quais fazem corar de vergonha a constituição da república.
Apesar disso, e embora à primeira vista não o pareça, não me movo por qualquer sentimento espúrio de vingança ou retaliação; movo-me porque tenho o dever de contribuir para a melhoria da sociedade em que vivo e me insiro e que gostaria de ver social e humanamente melhor nutrida aquando da passagem para os vindouros; movo-me porque considero que nenhuma injustiça deve ser calada e movo-me ainda porque não acredito no actual sistema judicial, especialmente na vertente disciplinar castrense.
Sobre o descrédito da justiça pouco ou nada poderei acrescentar pois a percepção do povo é que não existe justiça; mas não é só o povo quem assim pensa pois há quem a defina como sendo “uma casa de horrores” (como diz o bastonário da ordem dos advogados), ou como desabafa o Dr. Luís Filipe Menezes “nos últimos anos, a vida pública portuguesa viveu condicionada pelo alarido à volta de casos de justiça. Numa primeira fase, políticos no activo; agora, toda a gente: banqueiros, empresários, forças de segurança, magistrados e até clérigos em funções! O lendário triângulo - autarcas, empreiteiros, futebol - passou a octógono, com enorme propensão para que a natureza poligonal se transforme num enorme círculo, onde coabitam a corrupção, o tráfico de influências, a prevaricação, a participação ilegítima em negócios, a associação criminosa e, um dia destes, o terrorismo”; ou ainda como soletra o Prof. Freitas do Amaral “sinceramente, nunca pensei assistir a uma degradação tão grande dos princípios fundamentais do direito e da credibilidade da justiça. Estamos a bater no fundo, mas também estou firmemente convicto de que há muitas formas de combater a corrupção, melhorar o funcionamento da justiça, revalorizar os princípios do Estado de direito”; de facto o sistema judiciário anda nas ruas da amargura.
A mediatização dos processos pôs a nu injurias de incúria e cedilhas de irresponsabilidades de ambos os lados: os juízes queixam-se do poder político e vice-versa. Mas há que convir que os juízes (e magistrados) contribuem para o lodo quando esquecem que o seu mérito perante a sociedade é granjeado na solução dos casos simples, naqueles em que entra a gente anónima e humilde, e não nos mediáticos cuja conclusão é repetidamente a mesma, gasta e cansativa.
E aqui, nos casos relativos ao zé ninguém, o sistema falha em toda a linha, por isso deixei de acreditar no actual sistema de justiça e seus actores, e a circunstância de não acreditar na actual justiça e seus actores não resulta de convicção gratuita ou sequer de inferência indirecta, mas antes, e especialmente, da consciência e do conhecimento de facto.

4 comentários:

Anónimo disse...

Sim, você mais que nós, os que felizmente nunca tiveram que recorrer a qualquer de Justiça, tem razões de sobra para não acreditar nela... e Eu que li a sua viagem turbulenta, se já não tinha boa imagem dela, agora também estou como o Senhor... não Acredito...
E espero que nunca tenha que precisar dela, ou, me ver nela... embrulhado!

Anónimo disse...

Trinta anos passados de 1974, tenho um problema com a Justiça Portuguesa - a primeira. Isto deveu-se a uma vizinhança, pacóvia, que não respeita ninguém e onde as autoridades policiais entre outras, são incapazes de pôr uma certa ordem. Com uma solução improvável, passados que eram mais de uma 12 de anos, envio uma missiva aos diversos sectores da administração pública, tutelares pela segurança do cidadão, incluindo os Tribunais. Meus amigos, um batalhão de PSP, invadem-me a casa com mandado de busca, de um Tribunal onde me incrimina em dois crimes - ameaças e falsificação de documentos. Se no primeiro, escrevera - alguém será responsável por o que advier nesta contenda de indisciplina que é o ruida da vizinhança. Quanto à segunda, não tinha nada a ver nem queria saber. Foi-me levado um computador e um medidor de ruído (foi numa quarta-feira, dia em que o Sporting jogou e ganhou 4-0 a uma equipa inglesa, para a taça e onde jogava um antigo atleta leonino, hoje a jogar no Braga. Passado um ano, recebo a notificação do arquivamento do processo com o seguinte aviso: - Tem 90 dias para levantar o equipamento, caso o não faça, reverte a favor do Estado.
Agora vamos ao último caso. Caso acabado de ser sentenciado. Para quem tem lido que nós, os portugueses, falamos, falamos, mas não nos queixamos da péssima justiça que temos em Portugal, eu digo:
Para quê? Para sermos enxovalhados por crime que não cometemos?
Então aqui vai a última. No local de trabalho, foi-me tentado colocar alguém a chefiar-me com menos conhecimentos sobre a matéria, do que eu. As pessoas não têm culpas que se criem parcas formações para que os cidadãos não evoluam consideravelmente. A aprendizagem não é do dia para o outro mas ao longo de anos de vida activa. Mas não é o caso. Estes casos muitas das vezes são da responsabilidade das chefias, depois há os problemas e resolvam-nos quem quiser. Comigo passou-se o seguinte. Um cidadão contou uma história. A história por muito de verdade que contenha deixa dúvidas. E a mim só vendo para acreditar e disse publicamente que não acreditava que determinado objecto desapareça de um local fechado à chave sem que tenha havido violação do espaço envolvente. Sou logo ameaçado com expulsão do serviço. Não o fui mas mudei de departamento. A pessoa em causa sorriu-pois vira-se livre da minha pessoa. A diferença que existia entre nós era simplesmente esta - eu executo e mando executar, orientado, enquanto o meu opositor apenas paga através dos nossos impostos, que outros executem. Como disse, mude de departamento, mas no mesmo edificio, mas apercebo-me que uma grande parte do meu trabalho é obstruído pelo meu comparsa. Ao fim de dois anos de enjoo naquela forma de trabalhar e depois de ter ouvido elogios ao cidadão, trato de sair daquela entidade e vou para outra sem deixar uma mensagem escrita através de e-mail aos restantes camaradas, indicando-lhes os factores do meu abandono.Tomo posse noutra instituição e desde logo vejo-me perseguido com inquéritos e processos disciplinares. O jurista do local que deu origem, em cada palavra escrita do e-mail, encontrava um crime, no final, fui punido com um ano de inactividade profissional, por ter enviado um e-mail. Um dos achados lesados, recorre ao Tribunal. Aqui o crime é só um, escreve o MP - o de difamação agravada. Chamado ao Tribunal, conto os factos e o MP, faz cair o crime mas, pede uma multa.O queixoso mente e chora em Tribunal.O Tribunal por sua vez sentencia-me com uma pesada multa (acho eu, para os factos) e uma indemnização ao ofendido.
Fica no ar a minha objecção de consciência. No século XXI, é crime só porque um cidadão resolve não acreditar em história contadas? Antes era acusado de um crime por difamação agravada pelo que escrevera e depois passou a uma multa?
Afinal, deixo de ter segurança nos calcanhares quando o senhor PGR, diz em livro, que nós somos responsáveis pelos desempenhos da justiça.

Anónimo disse...

Trinta anos passados de 1974, tenho um problema com a Justiça Portuguesa - a primeira. Isto deveu-se a uma vizinhança, pacóvia, que não respeita ninguém e onde as autoridades policiais entre outras, são incapazes de pôr uma certa ordem. Com uma solução improvável, passados que eram mais de uma 12 de anos, envio uma missiva aos diversos sectores da administração pública, tutelares pela segurança do cidadão, incluindo os Tribunais. Meus amigos, um batalhão de PSP, invadem-me a casa com mandado de busca, de um Tribunal onde me incrimina em dois crimes - ameaças e falsificação de documentos. Se no primeiro, escrevera - alguém será responsável por o que advier nesta contenda de indisciplina que é o ruida da vizinhança. Quanto à segunda, não tinha nada a ver nem queria saber. Foi-me levado um computador e um medidor de ruído (foi numa quarta-feira, dia em que o Sporting jogou e ganhou 4-0 a uma equipa inglesa, para a taça e onde jogava um antigo atleta leonino, hoje a jogar no Braga. Passado um ano, recebo a notificação do arquivamento do processo com o seguinte aviso: - Tem 90 dias para levantar o equipamento, caso o não faça, reverte a favor do Estado.
Agora vamos ao último caso. Caso acabado de ser sentenciado. Para quem tem lido que nós, os portugueses, falamos, falamos, mas não nos queixamos da péssima justiça que temos em Portugal, eu digo:
Para quê? Para sermos enxovalhados por crime que não cometemos?
Então aqui vai a última. No local de trabalho, foi-me tentado colocar alguém a chefiar-me com menos conhecimentos sobre a matéria, do que eu. As pessoas não têm culpas que se criem parcas formações para que os cidadãos não evoluam consideravelmente. A aprendizagem não é do dia para o outro mas ao longo de anos de vida activa. Mas não é o caso. Estes casos muitas das vezes são da responsabilidade das chefias, depois há os problemas e resolvam-nos quem quiser. Comigo passou-se o seguinte. Um cidadão contou uma história. A história por muito de verdade que contenha deixa dúvidas. E a mim só vendo para acreditar e disse publicamente que não acreditava que determinado objecto desapareça de um local fechado à chave sem que tenha havido violação do espaço envolvente. Sou logo ameaçado com expulsão do serviço. Não o fui mas mudei de departamento. A pessoa em causa sorriu-pois vira-se livre da minha pessoa. A diferença que existia entre nós era simplesmente esta - eu executo e mando executar, orientado, enquanto o meu opositor apenas paga através dos nossos impostos, que outros executem. Como disse, mude de departamento, mas no mesmo edificio, mas apercebo-me que uma grande parte do meu trabalho é obstruído pelo meu comparsa. Ao fim de dois anos de enjoo naquela forma de trabalhar e depois de ter ouvido elogios ao cidadão, trato de sair daquela entidade e vou para outra sem deixar uma mensagem escrita através de e-mail aos restantes camaradas, indicando-lhes os factores do meu abandono.Tomo posse noutra instituição e desde logo vejo-me perseguido com inquéritos e processos disciplinares. O jurista do local que deu origem, em cada palavra escrita do e-mail, encontrava um crime, no final, fui punido com um ano de inactividade profissional, por ter enviado um e-mail. Um dos achados lesados, recorre ao Tribunal. Aqui o crime é só um, escreve o MP - o de difamação agravada. Chamado ao Tribunal, conto os factos e o MP, faz cair o crime mas, pede uma multa.O queixoso mente e chora em Tribunal.O Tribunal por sua vez sentencia-me com uma pesada multa (acho eu, para os factos) e uma indemnização ao ofendido.
Fica no ar a minha objecção de consciência. No século XXI, é crime só porque um cidadão resolve não acreditar em história contadas? Antes era acusado de um crime por difamação agravada pelo que escrevera e depois passou a uma multa?
Afinal, deixo de ter segurança nos calcanhares quando o senhor PGR, diz em livro, que nós somos responsáveis pelos desempenhos da justiça.

Anónimo disse...

Mas em Portugal existe justiça? Não sabia. Ainda bem que existe pode ser que eu veja o meu problema que se arrasta desde 2003 resolvido.